Largo Abu-Otomane, Tavira

A igreja de Santa Maria terá sido edificada, no século XIII, sobre a antiga mesquita do tempo da ocupação muçulmana. Os graves danos provocados pelo terramoto de 1755 determinaram a reconstrução do templo a partir de 1790, por orientação do Bispo do Algarve, D. Francisco Gomes de Avelar, segundo um projeto neoclássico do arquiteto italiano Francisco Xavier Fabri.

O mérito desta intervenção deve-se à hábil articulação entre o projeto moderno, de sabor neoclássico, com o que restava da antiga igreja medieval, resultando numa peculiar igreja eclética. A cabeceira e algumas capelas laterais foram reaproveitadas, constituindo importantes testemunhos da antiga igreja. Também se manteve o antigo portal medieval, de estilo gótico, integrando-se na nova lógica neoclássica da fachada principal.

Da primeira metade do século XVI, a capela lateral do Senhor dos Passos, da qual resta uma dinâmica abóbada polinervada, constitui um bom exemplo de interpretação local do estilo manuelino.

Na capela-mor, do lado da Epístola, encontra-se uma inscrição lapidar correspondente ao túmulo dos “sete cavaleiros mártires de Tavira”. Segundo a lenda, estes últimos foram mortos de forma traiçoeira pouco antes da conquista de Tavira aos mouros em 1242.

No interior, para além de alguns retábulos em talha dos períodos barroco e rococó, destacam-se diversos exemplares de azulejaria, pintura e imaginária religiosa.

Rua D. Paio Peres Correia, Tavira

Fundada no século XIII, esta igreja terá beneficiado, muito provavelmente, das estruturas de uma antiga edificação do período muçulmano. Em 1270, D. Afonso III fez doação do templo ao Bispo de Silves, D. Bartolomeu, ficando a partir de então na posse do Cabido. Foi elevada a igreja matriz da extensa freguesia de Santiago, a qual se estendia até Moncarapacho até ao século XV.

O templo foi muito danificado pelo terramoto de 1755, tendo a sua reconstrução demorado vários anos devido à falta de meios da paróquia. Por essa razão, D. José I ordena, em 1763, que se apliquem os rendimentos das confrarias com atividade nesta igreja no financiamento da sua reconstrução. Do ponto de vista arquitetónico sobressai uma grande sobriedade, reveladora da falta de meios do período pós-terramoto. A simplicidade da planta é somente quebrada no alçado sul, onde um conjunto de volumes salientes, que resultam das capelas laterais, sacristia e anexos, confere uma grande dinâmica e tornam o alçado exterior particularmente interessante.

A fachada principal apresenta um exuberante medalhão setecentista que exalta a figura do padroeiro, Santiago, representado como guerreiro, recordando a lenda da sua milagrosa aparição numa batalha travada durante a reconquista cristã.

No interior de nave única e capela-mor estão expostos retábulos em talha, imagens e pinturas religiosas, de várias épocas, algumas provenientes de outros templos da cidade.

Largo de Santa Ana, Tavira

De origem medieval, é um dos templos mais antigos de Tavira, tendo o seu padroado pertencido à Ordem de Santiago.

A criação do cargo de governador do Algarve, durante o século XVI, e a promulgação do seu regimento em 1624, que determinava para sede do governo provincial as cidades de Lagos e de Tavira, veio a alterar o destino desta ermida. O templo passou a funcionar como capela privativa do governador, integrada no seu palácio. A passagem para esta nova condição terá sido o mote para que a antiga ermida sofresse algumas alterações durante o século XVIII. Para além da sua remodelação e agregação às instalações do governador, a talha e imaginária barrocas fazem a sua aparição, destacando-se a colocação do atual retábulo principal em talha dourada.

No século XIX, com a extinção do cargo de governador do Algarve, o palácio, com o templo incorporado, esteve na posse do exército até ser adquirido pela Câmara de Tavira em 1936. Pouco depois, procede-se à demolição de parte significativa das instalações militares que estavam unidas ao templo, ficando o mesmo novamente isolado.

A ermida foi recuperada e musealizada em 2006, fazendo parte do sistema polinucleado do Museu Municipal de Tavira.

Monumento de interesse municipal

Praça Zacarias Guerreiro, Tavira

Fundado pelos franciscanos entre 1250 e 1330, o convento de São Francisco de Tavira foi um dos mais preeminentes edifícios do Algarve medieval, sendo posteriormente assolado por diversas catástrofes, nomeadamente, dois terramotos (1722 e 1755), uma derrocada (1840) e um terrível incêndio (1881). Assim, a igreja que chegou aos nossos dias é um edifício complexo com várias intervenções ao longo da sua história, tendo hoje um traçado distinto do original.

Destaca-se a atual sacristia, antiga capela colateral, com uma abóbada sextapartida por nervuras saídas de um único fecho e assentes em capitéis góticos com decoração vegetalista, refletindo a influência da arte da Batalha (século XV). No jardim camarário anexo ao templo conservam-se duas capelas góticas que pertenceram à antiga igreja conventual.

Das diversas confrarias ou irmandades, instaladas na igreja durante a Idade Moderna, destaca-se a Ordem Terceira de São Francisco, uma das mais prestigiadas na cidade que aqui se estabeleceu nos finais do século XVII ocupando o transepto da igreja conventual. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento foi parcialmente vendido em hasta pública e a igreja foi entregue à Ordem Terceira de São Francisco.

Praça Zacarias Guerreiro, Tavira

O hospital do Espírito Santo de Tavira foi erigido a partir de 1454, tendo como missão acolher os enfermos das expedições marroquinas e ultramarinas.
Conta-se que a primitiva designação do Espírito Santo terá sido substituída por São José devido a um milagre, ocorrido em 1721, envolvendo uma imagem do santo atualmente exposta num retábulo colateral. Será, também, por volta dessa data que D. João V coloca o hospital e a igreja sob proteção régia, dando-lhe prerrogativas de capela real.

O templo e o antigo hospital foram reconstruídos a partir de 1752, por deliberação régia, sob a direção do arquiteto farense Diogo Tavares e Ataíde. A igreja apresenta como particularidade a sua planta de nave única octogonal de lados desiguais, filiando-se numa tipologia barroca que tem como protótipo a igreja lisboeta do Menino Deus (1712).

O terramoto de 1755 provocou danos na igreja e hospital, tendo a reconstrução se arrastado até 1768. Do primitivo templo conserva-se uma capela quinhentista, do lado do Evangelho, instituída por D. Mécia Corte Real. É coberta por uma dinâmica abóbada manuelina onde figuram as armas dos Costas e Melos, alusivas à linhagem da instituidora.

No que respeita à ornamentação interior, destaca-se o retábulo principal, um dos poucos exemplares de pintura em “trompe l’oeil” (pintura ilusionista) na região algarvia, executado pelo pintor Joaquim Rasquinho em 1805.

Monumento de interesse público

Rua da Comunidade Lusíada, Tavira

De origem medieval, esta ermida está dedicada ao culto do mártir tido como advogado contra as epidemias e os contágios. Sua administração competia à confraria de São Sebastião composta, essencialmente, por oficiais da Câmara de Tavira.

O templo foi reedificado, em 1745, sob a direção dos mestres Diogo Tavares e Ataíde, Manuel Aleixo e Jacinto Pacheco. Denunciam a atividade arquitetónica setecentista a cúpula da capela-mor e o dinâmico frontão da fachada principal, conferindo ao templo uma aparência mais harmonizada com o barroco.

Finda a campanha de reconstrução, foi executada a exuberante obra de pintura do interior pelo pintor Diogo de Mangino. Este obrigou-se, em 1759, a realizar as pinturas da capela-mor, incluindo dez painéis com a “Vida de São Sebastião”, o marmoreado fingido das paredes e ainda o estofo de duas esculturas de anjos incensários. Destaca-se a série de dez telas sobre São Sebastião, considerada a mais completa recriação pictórica sobre a vida do santo que existe na arte portuguesa.

A nave é decorada com telas representando cenas da vida da Virgem, datáveis da segunda metade do século XVIII, e por pinturas em trompe l’oeil, produzindo um forte efeito cenográfico e ilusionista.

Ressalta do programa decorativo desta ermida uma grande coerência e sensação de grandeza artística, tipicamente barroca, constituindo o que vulgarmente se designa por “Obra de Arte Total”.

Monumento de interesse municipal

Rua Almirante Cândido dos Reis, Tavira

Consta que este pequeno templo, de origem medieval, estava associado a um antigo hospital de leprosos outrora situado na periferia da vila. A sua reconstrução dá-se em 1698, período em que a ermida era essencialmente frequentada por pescadores e mareantes devotos de Nossa Senhora do Livramento, como testemunham, aliás, os vários ex-votos aí expostos.

Compõe-se o templo de uma só nave e ladeada pela casa do ermitão. A fachada principal remonta ao início do século XVIII, sendo integralmente revestida de azulejos no século XIX. O interior possui três retábulos setecentistas, o da capela-mor e dois colaterais unidos pela talha do arco triunfal.

Largo de São Brás, Tavira

Outrora situada fora da cidade, esta pequena ermida de origem tardo-medieval era administrada pela confraria de São Brás. O templo é constituído por uma só nave e capela-mor, tendo anexa a casa do ermitão.

Uma campanha de obras ocorrida na segunda metade do século XVIII atribuiu-lhe novas formas e o seu aspeto atual. Na fachada principal destaca-se o portal e janelão com expressivas molduras em cantaria do período rococó. No interior do templo, é possível admirar duas imagens em madeira, uma de Nossa Senhora e outra do padroeiro.

Rua Arq.º Eduardo Souto Moura, Tavira

Foi o maior mosteiro do Algarve e o único da Ordem de Cister no sul do país. Sua fundação remonta a 1509, por iniciativa de D. Manuel I, em ação de graças pelo levantamento do cerco mouro imposto a Arzila.

A construção prolongou-se até 1528 seguindo o formulário artístico manuelino. Apesar de inicialmente ser destinado a freiras clarissas, o mosteiro foi entregue por D. João III ao Bispo de Silves, D. Fernando Coutinho, em 1530, o qual implantou nele a Regra de São Bento segundo a observância de Cister. As duas primeiras abadessas foram as irmãs do referido Bispo.

A sua planta formava um duplo quadrado, com um claustro, diversas instalações monásticas e a igreja dedicada a Nossa Senhora da Piedade.

O edifício foi fortemente danificado pelo terramoto de 1755 e sofreu diversas modificações ao longo dos séculos. Com a extinção das ordens religiosas, recebeu as freiras de vários pontos do Algarve até ser extinto em 1862.

Em 1890, o edifício foi convertido em fábrica de moagem, o que o descaracterizou em grande parte. A fábrica manteve-se ativa até finais da década de 1960. Do primitivo edifício são ainda visíveis vários elementos, destacando-se o portal gótico-manuelino da antiga igreja no alçado norte.

Mais recentemente, em 2012, o antigo mosteiro foi reabilitado segundo um projeto do Arq.º Eduardo Souto Moura.

Largo da Misericórdia, Tavira

A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Tavira foi instituída, nos finais do século XV, ocupando, inicialmente, instalações provisórias no convento de São Francisco e no hospital do Espírito Santo.

Em 1541 manda construir um templo próprio adequado às disponibilidades financeiras e ao estatuto social dos seus membros. O local escolhido foi a vila-a-dentro, junto à Porta D. Manuel I. Para dirigir a construção contratou-se o mestre-pedreiro André Pilarte, oriundo dos estaleiros do mosteiro dos Jerónimos em Lisboa. Este mestre promoveu a construção de uma igreja de três naves com arcos assentes em colunas renascentistas, logrando conseguir uma “igreja salão” atenta às experiências modernas preconizadas pela arquitetura de Lisboa.

As características renascentistas estão, igualmente, presentes no pórtico principal, decorado com grotescos (motivos inspirados em vestígios arqueológicos da antiguidade romana). Um segundo contrato, datado de 1551, teve como objetivo a conclusão da fachada, integrando o conjunto escultórico composto por N.ª Sr.ª da Misericórdia ladeada pelos emblemas da cidade e do reino, bem como pelas figuras de São Pedro e São Paulo.

No interior encontram-se três retábulos do século XVIII, salientando-se o retábulo principal, de 1722, executado pelo entalhador Manuel Abreu do Ó. Ainda do século XVIII destacam-se os painéis de azulejos executados em 1760, na oficina de um mestre lisboeta. Representam as catorze “Obras de Misericórdia” e alguns passos da vida de Cristo, faltando hoje alguns trechos.

Rua D. Marcelino Franco, Tavira

Esta igreja pertenceu à confraria de São Pedro Gonçalves Telmo, tendo sido fundada no século XV e composta por mareantes e pescadores. Granjeando de grande prestígio social, pôde esta confraria desenvolver o seu templo durante a primeira metade do século XVI. São testemunho dessa campanha de obras o arco triunfal da capela-mor, em estilo renascentista, bem como o brasão do reino, embutido na fachada posterior, e a divisa “aleeo” (alusiva aos Meneses, família nobre que beneficiava das rendas da portagem de Tavira no século XVI).

O terramoto de 1755 causou danos à igreja determinando a sua reconstrução no ano seguinte. As obras foram dirigidas pelo arquiteto algarvio Diogo Tavares e Ataíde, ficando este obrigado a erigir o templo, segundo o contrato, “com toda a fortaleza e valentia”, traduzindo os receios pós-terramoto.

O interior é moldado pelas obras barrocas do século XVIII, com destaque para os retábulos e para a magnífica pintura do teto, em perspetiva ilusionista, obra do tavirense Luís António Pereira, datada de 1765.

Nesta igreja são venerados santos simbolicamente associados aos pescadores e mareantes. A devoção à Virgem assume também um papel de relevo, como bem ilustra a devoção a Nossa Senhora das Ondas, nome pelo qual também é conhecida esta igreja.

Largo Dr. Jorge Correia, Tavira

Fundado pela Ordem de Santo Agostinho, em 1542, no espaço da antiga judiaria de Tavira.

Após vários anos a viver em instalações provisórias, os agostinhos promovem a construção do convento em 1569, prolongando-se as obras até ao século XVII. Dessa primeira construção pouco resta à exceção do claustro, cujo primeiro piso mantém a estrutura original com colunatas toscanas. Também a igreja deve a sua estrutura ao primitivo templo da segunda metade do século XVI, embora tenha sido alterada ao longo dos séculos.

O edifício é alvo de nova campanha de obras iniciada, em 1749, sob a direção do arquiteto algarvio Diogo Tavares e Ataíde, o qual restaurou o claustro e remodelou várias alas conventuais. Esta campanha veio a atualizar o convento dentro do formulário barroco, destacando-se o corpo da fachada principal, destinado ao dormitório dos frades, o qual seguiu um projeto arquitetónico vindo de Lisboa.

A partir de 1834, com a extinção das ordens religiosas, o edifício foi entregue ao Ministério da Guerra que aqui instalou sucessivas unidades militares. Mais recentemente, em 2006, foi reabilitado para funções hoteleiras. Esta obra possibilitou a intervenção arqueológica no espaço e a descoberta de vestígios de um bairro islâmico dos séculos XII-XIII, permitindo a abertura de um núcleo museológico.

Praça Dr. António Padinha, Tavira

O único convento algarvio da Ordem dos Eremitas de São Paulo foi fundado em Tavira, em 1606, nas imediações da ponte antiga.

A igreja apresenta planta de cruz latina, tipologia rara entre as igrejas de Tavira, e segue as formas sóbrias da arquitetura “chã”. Durante o segundo quartel do século XVIII foram introduzidas três janelas na fachada principal, aumentando a luminosidade interior. Sensivelmente da mesma época data o trabalho de massa visível na abóbada que antecede a entrada do templo. Apresenta uma cartela onde surge representado São Paulo Eremita, o padroeiro deste convento, com um leão e uma palmeira alusiva ao seu local de recolhimento no deserto.

O interior contém sete retábulos em talha, destacando-se o retábulo de N.ª Sr.ª do Carmo executado, em 1730, pelo entalhador Gaspar Martins. Este e os outros retábulos que ocupam a nave não chegaram a ser dourados e pintados como era costume na época barroca. De salientar ainda que parte do acervo de pintura e imaginária religiosa deste templo é composto por obras provenientes de diferentes igrejas da cidade e conventos extintos.

Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, a igreja foi entregue à confraria de Nossa Senhora da Ajuda. O convento e a cerca foram vendidos em hasta pública e posteriormente destruídos.

Rua de Santo António, Tavira

Em 1607 os frades capuchos chegaram a Tavira e ocuparam provisoriamente a ermida de N.ª Sr.ª da Esperança, na zona da Atalaia, iniciando aí a construção do seu convento, em 1612, abrangendo parte de uma fazenda suburbana e de um terreiro público.

A igreja é um exemplo da arquitetura “chã” seiscentista e da sobriedade característica dos ideais franciscanos dos capuchos. Possui uma planta retangular simples, de nave única e capela-mor. Durante a segunda metade do século XVIII foi remodelada a fachada principal, introduzindo-se um frontão e um janelão barrocos. No interior é possível admirar um notável conjunto escultórico setecentista em barro, representando a vida de Santo António, bem como retábulos em talha e exemplares de pintura e de imaginária religiosa dos séculos XVI a XIX.

Do antigo convento destaca-se o claustro, de grande sobriedade, com três arcos por banda assentes em pilares de secção quadrada.

Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, o convento foi vendido em hasta pública, tendo a igreja sido adquirida pela confraria de Santo António, em 1856, até então sediada na igreja do convento de São Francisco.

Rua da Liberdade, Tavira

A sua origem remonta a 1648, altura em que foi criada a Confraria de Nossa Senhora da Consolação dos Presos. Situava-se junto à antiga Porta da Alfeição e da antiga cadeia, ambas demolidas em 1918.

A confraria de Nossa Senhora da Consolação dos Presos movia-se por um objetivo específico: dar apoio moral e espiritual aos reclusos da antiga cadeia de Tavira. Segundo a tradição, era aqui que os condenados passavam as últimas horas.

A capela denota grande sobriedade. É composta por um só corpo de pequenas dimensões com cobertura em madeira. A sacristia, casas do ermitão e um dos Passos do Senhor anexos a este templo foram destruídos no início do século XX.

Da decoração interior destaca-se um rodapé de azulejaria de tapete, do século XVII, uma tela setecentista de Cristo com a Cruz (outrora pertencente a um Passo), e um retábulo seiscentista que acolhe a imagem de Nossa Senhora da Consolação e pinturas alusivas à vida da Virgem, da autoria do pintor algarvio João Rodrigues Andino: Adoração dos Pastores, Adoração dos Reis Magos, Coroamento da Virgem, e, nas predelas, a Apresentação da Virgem no Templo, Última Ceia e Anunciação.

Largo do Carmo, Tavira

A Ordem Terceira do Carmo de Tavira foi fundada em inícios do século XVIII, sediando-se inicialmente numa capela da igreja de São Paulo. Em 1747, os seus membros lançam a construção do seu próprio templo junto ao recém-fundado convento destinado à ordem primeira carmelita. Em função desta decisão, ficaram unidas duas igrejas carmelitas – a conventual e a da ordem terceira. As obras do convento, no entanto, arrastaram-se durante muitos anos, não estando o mesmo concluído aquando da extinção das ordens religiosas em 1834.

Por seu lado, a igreja da Ordem Terceira ficou acabada por volta de 1789, adotando uma planta de cruz latina. As generosas proporções do templo são complementadas com uma rica e exuberante ornamentação composta por retábulos, imaginária e pinturas, evocando as principais figuras da espiritualidade carmelita: N.ª Srª do Carmo, St.º Elias, Stª. Teresa de Ávila, St.º Alberto, St.ª Efigénia.

Pelo seu sentido de totalidade e magnificência barrocas, é digna de realce a ornamentação da capela-mor, na qual se aplicam e conjugam várias disciplinas artísticas – talha, imaginária, pintura em perspetiva ilusionista do teto e pintura de cavalete nas paredes – para atrair e deslumbrar os fiéis.

Referência obrigatória ainda para a série de retábulos desta igreja, já integrados no formulário rococó, com destaque para o retábulo-mor, elogiado como obra-prima da talha algarvia.

Rua Gonçalo Velho, Tavira

Este templo de pequenas dimensões, perto da Fonte da Praça, pertencia à confraria de Nossa Senhora da Piedade e foi construído em 1758, junto à muralha do castelo. O portal foi inspirado no modelo de alguns pórticos do Convento da Graça, sendo decorado por um coração ardente trespassado por um punhal. O frontão do templo mostra uma composição dinâmica, ornamentado com trabalhos de massa.

O interior da capela apresenta um retábulo de talha característica do estilo rococó, acolhendo uma pintura de Nossa Senhora da Piedade.

Rua da Igreja, Santo Estêvão

A igreja matriz de Santo Estêvão teve origem numa pequena ermida tardo-medieval dependente da freguesia de Santiago de Tavira. Do século XVI, o templo recebeu importantes obras no século XVIII que alteraram o seu aspeto original. A reconstrução iniciou-se em 1707, por ordem do Bispo do Algarve D. António Pereira da Silva, sendo interrompida após a sua morte. As obras foram retomadas em 1738 e concluídas em 1744. No século XIX, provavelmente em 1846, foi remodelada a fachada principal e o portal principal reconstruído em 1903.

No interior, a igreja é composta por nave única retangular com quatro capelas laterais e capela-mor, comunicando com a sacristia pelo lado da Epístola. O retábulo principal remonta aos inícios do século XIX, contendo alterações posteriores, designadamente, o trono piramidal e a pintura mural envolvente. O seu risco, de estilo neoclássico, segue o modelo do retábulo da capela de São Luís de Faro, sendo atribuível ao arquiteto italiano Francisco Xavier Fabri.

Largo da Igreja, Luz de Tavira

A construção desta igreja surge na sequência da elevação da Luz de Tavira a sede de freguesia nas primeiras décadas do século XVI. As obras do edifício arrastaram-se por várias décadas, sendo a última intervenção a execução do pórtico principal, por volta de 1570. A estrutura do templo constitui uma novidade na arquitetura quinhentista algarvia. Trata-se da única igreja-salão (ou hallenkirchen) da região, cronologicamente situável entre as igrejas-salão manuelinas e as dos anos 50 do século XVI. Atribui-se a responsabilidade do projeto a André Pilarte, mestre formado na oficina do mosteiro dos Jerónimos, reconhecido como o principal obreiro da arquitetura renascentista no Algarve.

Atualmente, dois altares laterais neoclássicos constituem o recheio das naves. O retábulo-mor data da segunda metade do século XVI, sendo alvo de alterações posteriores.

O remate da fachada principal foi alterado na segunda metade do século XVIII, na sequência dos danos provocados pelo terramoto de 1755. Para além do pórtico principal maneirista e da engenhosa abóbada do templo, destaca-se o portal lateral Sul, o qual adota o formulário manuelino de inícios do século XVI, sendo um dos mais interessantes na região algarvia. Apesar da sua datação algo tardia, constitui uma referência obrigatória nos caminhos da arte manuelina no Algarve.

O interior conserva um interessante acervo composto por obras de pintura, escultura e talha dos séculos XVI, XVII e XVIII.

Largo de Nossa Senhora das Dores, Sntª Catarina da Fonte do Bispo

O templo foi iniciado, durante a primeira metade do século XVI, na sequência da elevação do sítio da Fonte do Bispo a sede de freguesia. O mesmo começou a ser construído com formas manuelinas, conjugadas depois com o modelo renascentista da escola de André Pilarte.

Na capela-mor observam-se as formas manuelinas nas molduras dos vãos, nas mísulas e na abóbada polinervada. No exterior subsistem dois contrafortes cilíndricos coroados por coruchéus cónicos idênticos aos de vários templos tardo-góticos do Alentejo.

O interior segue um desenho idêntico ao aplicado pelo mestre pedreiro André Pilarte na Misericórdia de Tavira: planta longitudinal com três naves e quatro tramos delimitados por arcos assentes sobre colunas renascentistas.

Na fachada principal destaca-se o pórtico, de recorte idêntico ao do portal lateral da Misericórdia de Tavira. A sua decoração está, sobretudo, relacionada com Santa Catarina e com a gramática decorativa renascentista. O remate da fachada principal, com dinâmicas formas barrocas, denuncia a ocorrência de obras no templo durante o século XVIII.

Largo Eng.º Padinha Rodrigues, Conceição de Tavira

Foi iniciada, no primeiro quartel do século XVI, no âmbito da criação da freguesia de Nossa Senhora da Conceição. Sabe-se que, em 1518, já se encontrava aberta ao culto, apesar de não estar acabada, e que a sua construção decorria à custa das esmolas dos moradores do lugar.

O templo apresenta um admirável pórtico principal tardo-gótico composto por um arco quebrado com cinco arquivoltas, sendo a última arquivolta decorada com representações de ramos, folhagem, flores, carrancas, dragões mordentes, entre outros.

O interior apresenta três naves de apenas três tramos, onde se destacam as colunas decoradas dentro da linguagem clássica, renascentista que fez escola, em Tavira, no âmbito da atividade do mestre pedreiro André Pilarte. A capela-mor é coberta por uma abóbada de aresta quinhentista, cujo fecho revela as armas da Ordem de Santiago, a quem pertencia o padroado desta igreja.

O templo recebeu obras em meados do século XVIII, ganhando então o frontão barroco que anima a fachada principal e enquadra o brasão da Ordem de Santiago, modelado com formas barrocas em massa.

Largo da Igreja, Cachopo

A primeira notícia sobre esta igreja chega-nos através da ata da visitação efetuada, em 1535, pela Ordem de Santiago, a quem pertencia o padroado do templo. Nesse ano a Ermida de Santo Estêvão de Cachopo é descrita como um templo modesto, de uma só nave, capela-mor e paredes de pedra e barro. O edifício foi construído à custa dos moradores e o capelão era da apresentação do Bispo do Algarve.

O terramoto de 1755 abriu fendas nas paredes da igreja, tendo estas sido prontamente reparadas segundo as Memórias Paroquiais de 1758.

O templo sofreu grandes alterações no século XX, por volta dos anos 50, através de uma campanha de obras que desfez a estrutura primitiva e alterou todo o interior.

Mais recentemente, em 2007, a igreja sofreu obras de recuperação.

Largo da Igreja, Santa Luzia

Foi reconstruída no local da primitiva ermida, a qual remontava ao século XVI. O nome de Santa Luzia foi dado pelos pescadores em homenagem à mártir siciliana, protetora dos que sofrem dos olhos. A igreja recebeu várias obras ao longo dos séculos. Em 1972 a igreja foi reconstruída, obtendo a sua fisionomia atual, segundo um projeto do arquiteto algarvio, Manuel Gomes da Costa, uma das principais figuras da arquitetura moderna no Algarve.